quarta-feira, 17 de abril de 2024

Eliana Adora Filmes de Terror

    Eliana vive com seus pais. É filha única. Seu pai trabalha numa multinacional da indústria automobilística. Sua mãe trabalha numa multinacional da indústria farmacêutica. Por causa de seus cargos, tanto o pai quanto a mãe precisam viajar muito. Eliana faz faculdade, por isso só pode viajar com seus pais quando tem férias no meio e no final do ano. Ela é uma boa aluna e uma boa filha, e seus pais a amam muito.

     Como seus pais viajam muito, Eliana muitas vezes tem a casa só para ela. É quando ela se dedica a sua paixão, ver filmes de terror. Ela já baixou centenas de filmes de sites piratas da internet, de mais de cinquenta países diferentes. Ela tem um programa que cria legendas para vídeos de várias línguas, então ela não tem problemas para entender as histórias.

     Ela poderia ver os filmes com os pais em casa, se não fosse um problema que ela prefere evitar que as pessoas saibam: Eliana faz xixi nas calças quando vê filmes de terror.

     Em um momento, sempre tem uma cena de suspense. O personagem pode ignorar a terrível ameaça, mas o espectador não: Eliana sabe que o monstro (vampiro, lobisomem, demônio, feiticeira, fantasma, alienígena, serial killer, etc.) está atrás da porta, ou da árvore, ou no armário, ou no corredor, em algum lugar de onde espreita sua vítima, esperando ela se aproximar da armadilha, para então cravar os dentes no pescoço, ou descer um machado em sua cabeça, ou enfiar as garras em sua barriga, ou arrancar seu braço com uma forte puxada, ou cair em cima da vítima e arrancar pedaços de carne humana a dentadas, para a devorar viva, ou retalhar seu corpo com uma serra elétrica, enquanto a vítima, ainda viva, grita e chora de medo, de dor, de desespero…

     E, quase sempre, é nesse momento que os hormônios de Eliana começam a funcionar. Ela se identifica com o personagem a mercê do monstro e começa a suar frio, fica pálida, treme a ponto de ser possível ouvir seus dentes batendo, arregala os olhos, sente sua barriga gelar, sente seu sangue faltar apesar do coração bater mais rápido, e sempre sente uma forte vontade de urinar - mas nunca consegue tirar os olhos da cena para ir ao banheiro, ela fica petrificada, como que hipnotizada, acompanhando a cena incapaz de pensar em outra coisa e é inevitável, então, que perca o controle da bexiga, apesar do esforço que faz para segurar. A urina sai em jatos curtos e rápidos, com pouco intervalo entre eles, e uma mancha escura surge na calça de Eliana, na altura da xoxota e perto de onde termina a bunda e começa as coxas.

     No começo, ela assistia aos filmes sentada no sofá, mas surgiu um problema: como explicar o mau cheiro do sofá, além disso ser desconfortável e desrespeitoso para as pessoas que irão se sentar depois? Eliana ainda lavava o sofá com desinfetantes, mas isso dava muito trabalho. Então, ela passou a se sentar no chão.

     E, no chão, vendo os filmes, Eliana alternava várias posições, às vezes sentada, às vezes deitada, às vezes com as pernas estendidas, às vezes com as pernas recolhidas… mas sempre surge o momento de pânico, quando seu cérebro envia as sensações de ansiedade para o resto do corpo, os intestinos parecem se amarrarem, sua respiração se torna mais intensa, seus pelos se arrepiam, a bexiga se torna hiperativa, com várias contrações, como se estivesse muito cheia, e então Eliana não tem mais como se controlar. Sem querer, às vezes sem nem mesmo perceber, ela se alivia na roupa e no chão, e, com a mão, ela sente que o chão e os fundilhos de sua bermuda estão ensopados.

     Quando enfim o filme acaba, Eliana sente um grande alívio e respira com mais calma, e geralmente olha para a poça que deixa no chão e para sua própria bermuda molhada com um sorrisinho de ironia.

    - Ê, mijona! - Ela diz para si mesma, antes de pegar um pano de chão, um balde e um pouco de sabão em pó para limpar e secar o chão.

    A bermuda e a calcinha ela põe no balde, que já tem água e sabão, antes de pôr para lavar. Graças a esses cuidados, ninguém, nem os pais, sabem que Eliana se urina de medo vendo os filmes de terror que adora. A emoção provocada por esses filmes, de certa forma, compensam o constrangimento. E também, de certa forma, o constrangimento de Eliana faz parte dessas emoções.

     Depois do filme e da limpeza, é hora de dormir. O sono era outro problema. A mente e o corpo de Eliana ainda ficam, de certa forma, sob efeito das emoções despertadas pelo filme. Mesmo em seu sono, Eliana ainda sente o efeito da adrenalina que lhe sacode todo seu organismo e lhe dá, de certa forma, prazer. Então, costuma ter sonhos muito parecidos com os filmes que ela costuma assistir, e por isso ela, depois de ver um filme, molha a cama durante o sono.

    Isso gerou um outro problema. Não é agradável ficar com o colchão, os lençóis, a coberta e a camisola molhados e fedendo. Além do trabalho para limpar e do trabalho ainda maior para esconder - afinal, Eliana não quer que as pessoas comentem que ela, aos vinte e dois anos, ainda faz xixi na cama. É claro que isso nunca acontece quando ela não vê um filme de terror, mas também é claro que muitos fofoqueiros, porque todo fofoqueiro gosta de exagerar a fofoca, iriam dizer que ela tem “acidentes” quase todas as noites, mesmo que não seja verdade.

    Para resolver esse problema, Eliana teve uma ideia. Ela comprou uma rede de dormir, e conseguiu convencer seu pai a pôr ganchos para pendurar uma rede na garagem de sua casa, que tem muito espaço pouco utilizado. Então, aproveitando que está só em casa, Eliana monta sua rede na garagem e sempre dorme na rede depois de ver um filme.

    Neste momento, Eliana, de pijama, está deitada na rede. Ela está sonhando que está num castelo cheio de zumbis. Os zumbis caçam a pobre moça pelos corredores, e Eliana está escondida por trás de uma cortina. Ela sabe que não pode ser descoberta, senão vai ser devorada. Nesse momento, uma grande, peluda e muito feia aranha desce por uma teia e passa perto do rosto de Eliana, que tem muito medo de aranhas. O grande inseto provoca em Eliana as fortes emoções que tanto mexem com o corpo da moça, e, no sonho, ela sente um líquido quente em suas coxas, molhando suas calças. Quando a aranha se afasta, Eliana olha para baixo e vê uma grande mancha escura em suas calças e uma poça malcheirosa ao redor de seus pés.

    O que acontece no sonho também acontece na garagem, e Eliana, como sempre, depois de ver um filme, faz xixi na rede enquanto dorme. No momento em que ela molha as calças em seu sonho, uma mancha escura surge na parte de trás das calças de seu pijama, e logo a mancha se espalha pelas costas de seus pijamas e também pela rede. Mais um ou dois minutos, e um líquido fedorento começa a pingar da rede no chão da garagem, formando uma poça embaixo da rede. De manhã, Eliana acordará para ver, mais uma vez, seu pijama, a rede e o chão embaixo da rede molhados. Ela, também como sempre, olha para a rede, para o chão e para si mesma e balança a cabeça, em sinal de desaprovação. Ainda bem que não tem ninguém em casa. Ainda bem que ela é filha única e tem pais que viajam muito. Ainda bem que é mais fácil limpar uma rede e o chão da garagem do que um colchão. Assim, ninguém descobre seu segredo.

    E enquanto Eliana passa um esfregão no chão da garagem, ela diz baixinho, para si mesma:

    - Como é que pode, meu Deus, uma cavalona de vinte e dois anos que ainda mija na cama… ou na rede… Como é que pode, meu Deus?

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Os Corpos Secos

     - Não, isso não pode ser.

     - Realmente não pode, mas é o décimo primeiro cadáver encontrado nessas condições de seis meses para cá.

     Em vários pontos do Distrito Federal, e em algumas cidades do entorno, começaram a aparecer os chamados “cadáveres secos”, ou seja, mortos que tinham perdido todo o sangue, a ponto de não haver neles nem mesmo uma amostra para exame dos legistas, que só descobriram o tipo sanguíneo dos mortos analisando o tutano dos ossos dos mortos. Eram todos mendigos, criminosos ou prostitutas de rua, sem parentes que se importassem com eles, e todos tinham sangue tipo AB positivo.

     “Que coincidência, o meu tipo…”, pensava a detetive Patrícia, uma loira de pele muito branca e lindos cabelos lisos, a mais bonita das detetives mulheres na delegacia da PM do DF especializada em seriais killers.

    Os jornais falavam em um serial killer que matava miseráveis e marginais e deixava os seus corpos sem uma gota de sangue. Era o caso dos Corpos Secos, como era conhecido internamente, e o assassino era chamado o Vampiro do Planalto.

     A polícia não tinha nenhuma pista do crime, os legistas e os peritos especializados em cenas criminais não encontravam nenhuma pista sobre a identidade dos mortos. Era difícil imaginar que os mortos terem o mesmo tipo de sangue era apenas uma coincidência. Mas então, como o assassino sabia que era esse o tipo sanguíneo de cada vítima, sem que tivesse feito um exame prévio? E como poderia examinar pessoas de vários lugares diferentes em tão pouco tempo?

    - É alguém que trabalha na rede pública. - dizia o delegado.

     - Então encontrem ele. - disse ao delegado o chefe de polícia. - Os jornais estão enchendo o saco do governador e o governado está enchendo o meu saco.

     Não era só o governo do DF que estava investigando o caso, o de Goiás também, já que corpos foram encontrados em cidades goianas vizinhas do DF.

     Os chefes de polícia de Goiás e do DF decidiram criar uma força tarefa conjunta, e Patrícia fazia parte dela. Os policiais estavam em uma das cidades vizinhas de Brasília investigando uma cena de crime quando uma moça, que mais tarde admitiria ser uma prostituta, apareceu apavorada, procurando a polícia.

     - Gente, - dizia a prostituta. - eu vi quando o crime aconteceu. Eu costumava dar comida ao Eduardo, o mendigo que morreu. Eu tinha prometido levar um prato para ele, e quando estava a caminho eu vi um grupo de seis pessoas, todos altos, magros e muito pálidos, atacando o pobre Eduardo. Eu me escondi atrás de um muro de uma casa velha abandonada e fiquei assistindo, com medo demais para chamar a polícia. Um enfiava os dentes no pescoço, outro no pulso esquerdo, outro no pulso direito, outro na canela direita, outro na canela esquerda, e outro no pescoço também, mas pelo outro lado. Eles deixaram o Eduardo sem sangue, morto, no chão, como um pobre animal. Então, eles se afastaram do cadáver e um deles farejou no ar e disse: “Tem alguém com sangue AB ali!”, e apontou na minha direção. Não sei como puderam saber onde eu estava escondida, mas eu larguei a marmita que tinha deixado para o Eduardo e corri o máximo que pude. Eles quase me alcançaram, mas eu entrei dentro da casa velha e fechei a porta. Um deles disse: “E agora? Não podemos entrar, não somos convidados!”, e uma voz de mulher depois disse: “Deixem ela para lá! Ninguém vai acreditar nela!”, e eu não ouvi mais nada. Nem tive coragem de olhar para fora. Só quando amanheceu, e eu vi que não tinha mais ninguém, é que eu tive coragem de voltar para casa. Por favor, senhora detetive, acredite em mim! - disse a prostituta para Patrícia. - Eu juro que estou falando a verdade.

     Podia até ser, mas quem quer que tenha dito que ninguém acreditaria nela, se é que alguém disse isso mesmo, tinha razão: nem Patrícia e nem o resto dos detetives acreditaram na prostituta.

     - Que história mais absurda! Vampiros não existem! - disse Patrícia, e todos concordaram.

     Mas um dos investigadores era um tanto cruel, e gostava de fazer perguntas embaraçosas para testemunhas e suspeitos. E esse investigador perguntou à prostituta:

     - Os peritos encontraram uma poça de urina recente na casa velha onde você diz ter se escondido. Foi você que fez xixi lá?

     Envergonhada, a prostituta disse:

     - Sim, fui eu. Eu fiquei com muito medo, e não tinha coragem de procurar o banheiro, nem de tirar a calça para me aliviar, porque eu poderia ter que correr a qualquer hora, então me mijei nas calças.

     Todos os detetives riram, e Patrícia, rindo mais do que os outros, ainda disse:

     - Vamos precisar de uma prova que você esteve lá. Você pode nos dar sua calça mijada, para sabermos se estão com a mesma urina da poça? - e enquanto falava, Patrícia piscava um olho para seus colegas, que riram ainda mais.

     Eles não precisavam de calça nenhuma, ela apenas uma brincadeira de mal gosto para humilhar mais ainda a prostituta.

     A prostituta ficou ainda mais envergonhada, mas foi buscar a calça ainda meio úmida, e fedendo, e entregou para os peritos.

     - Você devia passar a usar fraldas, puta. - disse Patrícia. - Talvez os vampiros voltem para te assombrar, e aí como você vai se segurar?

     A prostituta ficou vermelha de vergonha, e todos os detetives riram ainda mais.

     - Você não vai achar engraçado se isso acontecer com você, moça! - disse a prostituta, quase chorando. Patrícia, não respondeu, só riu.

     “Imagine se isso aconteceria comigo!”, pensou a detetive loira. “Para começar, vampiros não existem, e depois, eu não sou uma covarde mijona.”

     Os policiais levaram as calças mijadas da prostituta para a delegacia. Realmente, a urina das calças era a mesma que encontraram na casa velha abandonada.

     - Isso prova que a prostituta estava onde disse ter estado na noite do crime. - disse o chefe de polícia.

     - Num dos lugares, ao menos. - disse Patrícia.

     - Pessoal, vamos vigiar essa prostituta, porque ela é a melhor pista que temos. Não acredito nessa história de vampiros, claro que não, mas acredito que ela deve ter algo a ver com o assassino dos corpos secos.

     Então, a força tarefa conjunta passou a se reservar, vigiando a casa da prostituta. Todos os dias, um dos detetives vigiava a casa por seis horas, e só saia de seu posto quando um dos colegas aparecia para assumir a vigília.

     Naquela noite, Patrícia estava vigiando a prostituta por sua vez. Ela não acreditava que isso serviria para alguma coisa, é claro, mas eram ordens do chefe. Mas em vez de vigiar, a entediada detetive brincou pela internet, passeando pelas redes sociais com seu celular, e depois brincou com uns jogos interessantes que tinha visto.

     Estava assim distraída, quando viu um vulto caminhando em direção ao carro de onde, supostamente, ela deveria estar vigiando a prostituta. Patrícia olhou com mais atenção, e viu que era a prostituta, e que ela vinha para o carro.

     Patrícia saiu, e perguntou à prostituta:

     - Você deseja alguma coisa?

     - Sim, senhora policial. Quero te avisar que seus dias não durarão muito, sua morte está perto. Hoje será seu último dia nesse mundo.

     Espantada com tanta audácia, a detetive loira disse à prostituta:

     - Ah, você me ameaça?

     - Não eu, mas os que mataram Eduardo.

     - E como você sabe disso? Se é verdade, você deve me acompanhar até a delegacia.

     - Você nunca mais verá a delegacia, policial! E se quiser saber como eu sei disso, eu digo: depois que vocês me humilharam enquanto me interrogaram, eu procurei uma mãe de santo e a mãe de santo me contou que vocês iriam me vigiar. Ela viu nos búzios que hoje seria você a ficar de vigília em frente a minha casa. E ela, que é uma poderosa mãe de santo e faz magia negra, disse que os vampiros que mataram o Eduardo viriam me vingar, se eu os invocassem. E eu os invoquei, e hoje eles vão me vingar por você ter me humilhado, policial.

     Patrícia simplesmente riu na cara da prostituta.

     - E onde estão esses vampiros vingadores? - disse ela à prostituta.

     - Quatro estão atrás de ti e dois estão atrás de mim!

     E logo que a prostituta falou, dois vultos, um homem e uma mulher, ambos altos, magros e muito pálidos, apareceram atrás da prostituta, que encarava a detetive loira com um sorriso mau.

     “Eles surgiram do nada? Eu não vi nem ouvi eles se aproximando!” - pensou a detetive, que olhou para trás e viu que, como disse a prostituta, havia mais quatro vultos atrás dela.

     Sem pensar duas vezes, Patrícia sacou seu revólver e os ameaçou:

     - Vamos todos para a delegacia, temos umas perguntas a fazer! - disse a detetive, com uma voz autoritária e arrogante.

     Mas os vultos altos simplesmente riram dela. Eles a rodeavam, de forma que Patrícia teria que abrir caminho se quisesse passar. Ela pensou em pedir reforço pelo celular, mas percebeu que o tinha deixado no carro. Então disse:

     - Saiam da minha frente, vou pegar uma coisa no carro!

     Mas eles não se mexeram. Com o revólver na mão direita, Patrícia disse:

     - Estou falando sério! Não quero ferir ninguém, mas farei isso se for necessário! - e, para mostrar que estava falando sério, Patrícia deu um tiro para o alto, visando um galho de árvore, que se partiu com a bala.

     Com a expressão séria, apontava o revólver para todo o grupo. Mas nenhum se mexeu. Em vez disso, sorriram, um sorriso ainda mais perverso que o da prostituta, e mostraram seus dentes, e Patrícia viu que todos tinham longos caninos, como dentes de um tigre.

     - Essa policial tem o sangue AB… - disse um dos vultos.

     - Sim, posso farejar. - disse outro.

     “Ué, como eles sabem disso?”, pensou a detetive loira. Arregalando os olhos, sentindo que estava começando a suar frio, Patrícia deu um tiro contra um deles, e a bala fez uma ferida na testa do vulto alvejado, mas ele não caiu. Ao invés, o vulto passou a mão pela testa, lambeu o sangue que sujava a mão, e disse:

     - Delicioso, senhora detetive… mas acho que prefiro o seu.

     E o vulto passou de novo a mão pela testa, e a ferida sumiu.

     “Não, isso não pode ser, não pode!”, pensava a cada vez mais apavorada Patrícia. “Vampiros não existem! É um truque, só pode ser! Mas eles vão ver agora!”

    E Patrícia atirou contra todos eles, até o revólver ficar sem balas. Acertou todos nas cabeças. Nenhum deles caiu. Alguns tiveram feridas na testa, nos olhos, no nariz, nas faces, no queixo, no pescoço. Todos passaram as mãos nos buracos de bala, lamberam um pouco o sangue das feridas, e passaram as mãos de novos e as feridas sumiram. E todos rodeavam Patrícia, que se viu sem balas, e indefesa, e pensava:

     “Não, isso não pode ser! Não pode ser, não pode, não pode!”

     E os vampiros, agora, se aproximavam cada vez mais da detetive loira, com o círculo que formavam em volta dela ficando cada vez menor. Então, Patrícia ouviu uma gargalhada zombeteira. Ela olhou na direção da gargalhada e viu que era a prostituta, que se divertia com o desespero da detetive. E a prostituta ainda disse:

    - Olha, ela era tão senhora de si, tão autoritária e arrogante, e tão superior! Quem precisa de fraldas agora, hein? Quem precisa de fraldas agora?

    E de fato, uma mancha escura estava aparecendo nas calças da detetive. A princípio pequena, a mancha ficava cada vez maior, a ponto de metade de cada manga da calça abaixo da virilha ficar escura. Patrícia sentiu um cheiro de urina, e notou que um líquido quente escorria pelas suas coxas e pernas. Então, ela soube que estava fazendo xixi nas calças. Ela olhou para baixo, e viu que uma poça de urina se formava ao redor de seus pés, que estavam juntinhos, como se colados ao chão.

    Além de se urinar de medo, Patrícia começou a chorar. Ela estava paralisada de terror, e mesmo que houvesse uma brecha entre os vampiros ela nunca conseguiria sair do lugar. Os vultos altos, magros e pálidos esperaram ela terminar de esvaziar a bexiga. Então, caíram em cima da detetive loira. Dois deles começaram a sugar o sangue de Patrícia pelo pescoço, um mordeu-lhe o pulso esquerdo, outro o pulso direito, outro mordeu-lhe a canela esquerda, o sexto a direita. Patrícia sofreu pouco, felizmente: ela morreu em menos de um minuto. E em menos de dez minutos todo o seu sangue foi sugado.


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    Quando outro detetive da força tarefa veio tomar o lugar de Patrícia na vigília, levou um susto, vendo um cadáver ao lado do carro dela. Um cadáver sem sangue, com as calças ensopadas de urina, caído perto de uma poça também de urina, na calçada. E o susto do policial foi ainda maior quando reconheceu no corpo morto sem sangue sua colega detetive, a bela loira que todos na delegacia desejavam.

    O detetive ligou para a delegacia, e em poucos minutos os legistas e os peritos, e toda força tarefa dedicada a resolver o caso dos corpos secos, estavam presentes. Eles interrogaram toda vizinhança, com especial atenção a prostituta que tinham interrogado antes, mas ninguém sabia de nada. Ou, se sabiam, preferiam nada dizer. E assim, como os mendigos, os criminosos e as prostitutas mortas anteriormente, exceto pelo mendigo Eduardo, morto perto dali, a estranha morte de Patrícia ficou sem testemunhas.

    O que mais assustou a equipe policial foi a expressão de profundo horror no rosto da falecida Patrícia. Vampiros não existem, todos sabem disso. Mas o que quer que Patrícia tenha visto antes de morrer a apavorou muito, sem dúvida nenhuma, tanto que a detetive molhou as calças de tanto medo.

    “Esse caso dos corpos secos parece uma história de terror”, pensou o chefe de polícia do DF.

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Eliana Adora Filmes de Terror

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